Cannes 2021: nossos 15 filmes mais aguardados

Arte oficial do 74° Festival de Cannes

    Depois de um ano que fez o mundo parar por causa da pandemia da COVID-19, o Festival de Cannes parece estar de volta com o melhor do cinema mundial e com todo o luxo do tradicional tapete vermelho. Após pegar os organizadores de surpresa em 2020, foi necessário cancelar o evento, algo que aconteceu poucas vezes em décadas, embora tenham tomado a decisão de anunciar a seleção oficial, concedendo o selo do festival a grandes filmes (Les choses qu'on dit, les choses qu'on fait e Lovers Rock são destaques absolutos) e a alguns que não integrariam a lista numa edição típica.

    Mesmo que a indústria ainda não tenha voltado a toda sua glória, o evento no sul da França pode ser um marco para a retomada de negociações no mercado audiovisual e também para o retorno ativo da filmografia de países que passaram os últimos meses sem novos lançamentos. A presença brasileira pode ser sentida na Seleção Oficial através do novo trabalho de Karim Aïnouz, O Marinheiro das Montanhas, além de Medusa, dirigido pela carioca Anita Rocha da Silveira, que integra a Quinzena dos Realizadores.

    Embora a maioria dos títulos que integram a Competição, a mostra Un Certain Regard, a Quinzena, a Semana da Crítica e as outras mostras paralelas possuam apenas algumas linhas de sinopse e quase nenhuma imagem promocional, os nomes creditados nas produções já são suficientes para gerar grande expectativa de público e crítica. É quase impossível prever quando um Parasita ou Retrato de uma Jovem em Chamas vão surgir no meio de tanto talento, mas a equipe do Cine Odisseia decidiu revelar quais são os 15 filmes mais esperados por nós para o evento deste ano.

Menções Honrosas (ordem alfabética): Belle, Cow, Medusa, The Year of the Everlasting Storm e Titane.

15) Bergman Island

    Aguardado já há alguns anos, Bergman Island era esperado para a lista de 2020, o que nos leva a acreditar que a equipe do filme escolheu esperar para realizar o lançamento em Cannes. Um casal de cineastas americanos vão passar o verão na ilha que foi inspiração para grande parte da filmografia de Ingmar Bergman. Mia Hansen-Love é uma velha conhecida dos festivais europeus, tendo sido premiada na Un Certain Regard em 2009, mas esta é sua primeira entrada na mostra competitiva.

14) Where Is Anne Frank?

    Ari Folman já havia encantado a audiência da Riviera francesa em 2008, com Valsa com Bashir, e a expectativa é que ele repita a dose com o aguardado Where is Anne Frank, um projeto que levou anos para ser finalizado. A animação acompanha Kitty, a amiga imaginária para quem Anne Frank dedicou seu diário, enquanto tenta encontrar a personagem-título na Europa de hoje. Esta é também uma homenagem do diretor aos seus pais, levados para os campos de concentração no mesmo dia de Frank.

13) After Yang

    Depois de ganhar visibilidade merecida pelo lindo Columbus, Kogonada chega com o título mais esperado da mostra Un Certain Regard. After Yang é uma ficção científica que segue as tentativas de Jake (Colin Ferrell) e sua família de consertar uma inteligência artificial, sendo esta considerada parte integrante deles. O filme será distribuído nos EUA pela A24.

12) Paris, 13th District

    Ganhador da Palma de Ouro em 2015 por Dheepan, Jacques Audiard é um velho conhecido do festival e promete voltar à Competição com tudo. Paris 13th District possui apenas duas imagens promocionais até o momento e pouca coisa se sabe sobre a produção. No entanto, o roteiro coescrito por Céline Sciamma e a presença de Noémie Merlant no elenco já são suficientes para atiçar a curiosidade de qualquer cinéfilo.

11) O Marinheiro das Montanhas

    Único representante brasileiro na Seleção Oficial, O Marinheiro das Montanhas é um projeto de amor do diretor cearense Karim Aïnouz, que descreve o filme como um diário da sua viagem para a Argélia, país natal do pai com quem teve pouco contato. Esta seria uma aventura que tinha planejado realizar junto da mãe, que infelizmente faleceu antes. É a quarta vez do cineasta em Cannes, que venceu o prêmio máximo da Un Certain Regard por A Vida Invisível (2019).

10) In Front of Your Face

    Hong Sang-soo estabeleceu-se na última década como um dos diretores asiáticos mais interessantes da atualidade. Com a realização super acelerada de seus filmes, ele já chegou a lançar três filmes por ano. In Front of Your Face é o segundo este ano, seguindo Introduction, premiado em Berlim, e é muito aguardado pelos fãs do cineasta, já que o rumor é que o filme estava previsto para lançar no festival em 2020, tendo sido guardado especificamente para exibição na Croisette.

9) Petrov's Flu

     Em 2018, Kirill Serebrennikov lançou um dos melhores títulos da Competição de Cannes: Leto. Com isto, é evidente minha ansiedade crescente para assistir à sua nova obra, que já está gerando alvoroço na Rússia, algo que ficou claro depois do governo proibir a saído do diretor para acompanhar o lançamento na França. Estas controvérsias e o trailer intrigante parecem lançar luz sobre o teor político da produção.

8) The Story of My Wife

    Num ano de presença esvaziada de mulheres na Seleção Oficial, a húngara Ildikó Enyedi é uma das poucas representantes femininas a concorrer ao prêmio máximo do festival. Um marinheiro faz uma aposta de que casará com a primeira mulher que entrar no estabelecimento onde se encontra, o que acaba se revelando uma tarefa mais difícil do que havia imaginado. Os nomes no elenco são bem chamativos, mas o destaque é Léa Seydoux, que está em nada menos do que quatro filmes selecionados para a 74ª edição do evento.

7) Red Rocket

    Depois de conquistar o coração da cinefilia ao redor do mundo com Tangerine (2015) e Projeto Flórida (2017), Sean Baker alcança a mostra competitiva de Cannes com seu mais novo trabalho. Red Rocket (um título super provocador) conta a história de uma estrela do pornô americano (Simon Rex) que precisa retornar à cidade onde cresceu no interior do Texas, mas acaba não sendo tão bem recebido. Adquirido recentemente pela A24 nos EUA, o filme promete ser um dos destaques do cinema independente norte-americano em 2021.

6) A Hero

    Dono de um Leão de Ouro e dois Oscars, Asghar Farhadi retornou ao Irã para gravar seu novo filme. A Hero é mais um projeto misterioso a ser exibido em Cannes este ano, contando com apenas duas imagens promocionais e nenhum teaser. Até mesmo achar uma sinopse oficial na internet é impossível, uma estratégia que está deixando a imprensa bem curiosa. O longa é a aposta da Amazon para a categoria de filme internacional na próxima temporada de premiações.

5) A Crônica Francesa

    Embora Wes Anderson nunca tenha recebido grande atenção das grandes premiações americanas (com exceção de O Grande Hotel Budapeste), sua legião de fãs construída ao longo dos anos está esperando A Crônica Francesa desde a data marcada para lançamento no ano passado, o que não aconteceu devido aos vários adiamentos ocasionados pela pandemia. Descrito pelo realizador como uma "carta de amor ao jornalismo", o filme reúne um elenco estrelar que deve marcar a maior movimentação no tapete vermelho do Palácio dos Festivais este ano.

4) Benedetta

    Provocador como de costume, Paul Verhoeven concorre pela terceira vez à Palma de Ouro (Instinto Selvagem e Elle já haviam competido) com um drama envolvendo freiras lésbicas. As machetes sensacionalistas já estão sendo criadas imediatamente na cabeça de parte da imprensa que assistirá ao filme ainda esta semana em Cannes. Se há certeza de polêmica maior do que Benedetta, talvez somente o próximo título da lista.

3) Vortex

    Falar de polêmica em Cannes é falar de Gaspar Noé. Odiado por muitos e amado também por muitos, o argentino naturalizado francês é nome carimbado na Croisette, onde gerou alvoroço com a maior parte de sua filmografia. Reunindo-se com o lendário diretor de terror Dario Argento, o cineasta procura explorar os últimos dias da vida de um casal de idosos que sofrem de demência. Depois do média-metragem Lux Aeterna, exibido em Cannes na última edição presencial, não esperem nada tão curto, já que será 142 minutos de prováveis choques, niilismo, sexo e violência , marcas registradas de Noé.

2) Memoria

    Uma década depois de levar o prêmio máximo do Festival de Cannes, o tailandês Apichatpong Weerasethakul retorna à Competição com Memoria, parceria com a aclamada atriz Tilda Swinton, que já se declarou fã dos filmes do diretor. Ela irá interpretar uma mulher apaixonada por orquídeas que vai visitar a irmã na Colômbia, mas acaba vivendo uma experiência reveladora através de vozes misteriosas durante a viagem. A união do nome de sua estrela com a distribuição da NEON nos EUA deve assegurar a Joe (como o diretor gosta de ser chamado) o seu filme de maior visibilidade até o momento.

1) Annette

    Não tinha como outro longa ocupar o topo da lista do Cine Odisseia. Leos Carax já deveria ter vencido a Palma de Ouro em 2012, quando acabou saindo sem nenhum prêmio, mas esta pode ser a chance do festival se redimir. Annette irá abrir o evento deste ano, marcando o retorno à glória de Cannes, o que parece ser bem apropriado se você, assim como eu, já ouviu a música de abertura do musical (So May We Start). Este é mais um caso de filme que deveria ter integrado a lista do ano passado, mas que acabou sendo adiado. A parceria do diretor com a dupla Sparks é mais um motivo para minha expectativa, já que Ron e Russell Mael escreveram o roteiro e as músicas por anos, sendo um projeto de paixão para ambos. A última vez que um musical conquistou Cannes foi com a vitória de Dançando no Escuro (2000), uma abordagem nada convencional para o gênero, assim como esta nova empreitado de Carax. Será que a história se repetirá duas décadas depois?

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