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Mostrando postagens de janeiro, 2022

IFFR 2022 - Parte #1

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ASSAULT Direção: Adilkhan Yerzhanov Ano: 2022 Países de origem: Cazaquistão / Rússia     Um dos trabalhos mais interessantes e pouco reconhecidos dos últimos anos é A Dark, Dark Man (2019), dirigido por Adilkhan Yerzhanov, um nome que já merecia lugar entre as grandes promessas dos festivais europeus, mas que por algum motivo permanece colocado à margem. Com seu novo filme, não é diferente. Assault estreia na Competição Tela Grande do Festival de Roterdã, uma mostra paralela que não faz jus à atenção que o diretor merece.     Embora não seja tão fantástico quanto seu longa de 2019, este novo trabalho carrega algumas de suas melhores características autorais. Estamos de volta ao vilarejo fictício que serve de palco para as narrativas criadas por Yerzhanov, mas desta vez totalmente tomada pelo intenso inverno. As experimentações com gêneros permanece, indo do suspense à comédia num mesmo plano, sempre com um incrível controle de tom. A fotografia do Aydar Sharipov inunda a tela novamen

Leonor Will Never Die

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LEONOR WILL NEVER DIE (Ang Pagbabalik ng Kwago) Direção: Martika Ramirez Escobar Ano: 2022 País de origem: Filipinas     Em meio a tantos filmes com quase nenhuma personalidade selecionados para o Festival de Sundance este ano, Leonor Will Never Die é quase um milagre, trazendo um pouco de vida, entretenimento e paixão artística para o espectador. A diretora Martika Ramirez Escobar mergulha no gênero de ação do cinema filipino durante os anos 1980, seja visualmente, nos acontecimentos da história ou no humor absurdista característico.     Acompanhamos a personagem-título (Sheila Francisco), uma diretora de cinema que fez muito sucesso anos atrás, enquanto ela encara um momento difícil em sua terceira idade: faz tempo que não trabalha, está divorciada, um de seus filhos morreu e está em constante conflito com o outro. Para completar, a conta de luz está atrasada três meses e a energia da casa está para ser cortada. No meio deste caos, seu único refúgio é a televisão. Quando finalmente

Marte Um

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MARTE UM Direção: Gabriel Martins Ano: 2022 País de origem: Brasil     Na noite do dia 28 de outubro de 2018, lembro da sensação de incerteza e angústia em relação ao futuro do país e dos brasileiros, uma sensação que nunca havia sentido antes com tamanha ressonância. Pela primeira vez desde que nasci, um político de (extrema) direita era eleito presidente democraticamente. A população, inclusive amigos e familiares, estava expressando que queria um homem misógino, homofóbico e racista como chefe de governo. Como processar essa informação quando sua existência parece não fazer parte da ideia de país defendida pela pessoa escolhida para administrar o cotidiano brasileiro?     É no meio dessa sensação de desnorteamento que Marte Um começa, acompanhando uma família negra de classe média baixa num Brasil onde o ódio pelo diferente parece emergir de cada canto, separando o país em extremos opostos. Rupturas são abertas também entre gerações: passado e presente vão de encontro entre si, en

Speak No Evil

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SPEAK NO EVIL ( Gæsterne) Direção: Christian Tafdrup Ano: 2022 Países de origem: Dinamarca / Países Baixos     O dinamarquês Christian Tafdrup chega no Festival de Sundance este ano com seu terceiro longa-metragem, um exercício de gênero que já revela suas intenções no primeiro minuto. Um carro atravessa estradas desertas à noite, enquanto a trilha sonora incidental (e bastante incisiva) estala uma inquietação constante que irá perdurar pela maior parte do tempo. O compositor Sune Kølster utiliza as convenções da música de terror e as leva para um estado de exagero, que pode até ser suficiente para tirar o público de um estado de inércia, mas que concomitantemente demonstra o próprio esforço para chegar àquele nível de estilização, algo que irá refletir as decisões do filme a partir de determinado ponto.     Em Speak No Evil , Bjørn (Morten Burian) e Louise (Sidsel Siem Koch) conhecem um casal holandês durante as férias de verão, um encontro que revitaliza os dias que eles estão passan

Melhores Filmes e Séries de 2021

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Memoria (Apichatpong Weerathakul)     Embora 2021 ainda tenha carregado grande parte do caos provocado pela pandemia no ano anterior, é impossível negar a qualidade dos filmes trazidos ao público por grandes autores já consagrados por incríveis filmografias, como Pedro Almodóvar, Paul Verhoeven, Júlio Bressane e Jane Campion. Porém, também foi um ano de empolgantes descobertas. Uma diretora francesa tornou-se a segunda mulher a vencer a Palma de Ouro em Cannes com seu segundo longa-metragem, enquanto sua jovem compatriota conquistou o Leão de Ouro em Veneza. Sem dúvidas, as mulheres atrás das câmeras tiveram um ano histórico, o qual já teve início com a vitória de Chloé Zhao na cerimônia do Oscar, tornando-se a segunda diretora a vencer a estatueta da categoria.     Se estamos falando de nomes que se destacaram em 2021, é inevitável citar o japonês Ryusuke Hamaguchi. Ele iniciou o ano levando para casa o Grande Prêmio do Júri em Berlim com Roda do Destino , uma coleção de três história