IFFR 2022 - Parte #3

FREAKS OUT

Direção: Gabriele Mainetti

Ano: 2021

Países de origem: Itália / Bélgica

    O diretor Gabriele Mainetti retorna à Itália ocupada pelos alemães nazistas para tentar reescrever um pedaço da história com a fantasia. A sequência de abertura talvez seja a melhor coisa do filme (além da atuação do Franz Rogowski), com os personagens principais trazendo a magia do circo e, consequentemente, do cinema, só para serem interrompidos pelo horror da guerra. A mise-en-scène também está sempre nessa brincadeira entre o fantástico e o real, embora seja sempre em prol de uma narrativa bem formulaica que não consegue dar um passo além. Utilizando a histórica do Mágico de Oz como base do roteiro, a direção tenta trazer leveza para o contexto da Segunda Guerra Mundial de uma forma extravagante e em busca do espetáculo de imagens e emoções, mas não percebe nem a ingenuidade desta proposta nem o fato de que nunca consegue alcançá-la.


NEPTUNE FROST

Direção: Saul Williams, Anisia Uzeyman

Ano: 2021

Países de origem: Ruanda / França / EUA

    O músico Saul Williams une-se à atriz Anisia Uzeyman num projeto que desafia as fronteiras da narrativa cinematográfica, interpolando afrofuturismo, música e forte discurso político. Com baixíssimo orçamento, os diretores encontram a poesia na África do século XXI, cheia de problemas que lhe foram impostos, mas também repleta de vida. Abraçando o cinema de fluxo, o filme é decupado de maneira que dissolve espaço e tempo de uma forma muito inventiva, transformando seus debates sobre capitalismo, globalização e tecnologia. Um trabalho que, mesmo demonstrando a inexperiência dos diretores, é um dos grandes destaques do cinema africano recente e uma exploração de novas dimensões artísticas.


MEGHDOOT - THE CLOUD MESSENGER

Direção: Rahat Mahajan

Ano: 2022

Países de origem: Índia / EUA

    Com uma das melhores sequências de abertura recentes, o indiano Rahat Mahajan mergulha o público em sua narrativa mitológica, a qual atravessa séculos e chega até os dias atuais num colégio interno, onde um jovem é confrontado com o regime quase militar da instituição. Ele é misteriosamente atraído por uma menina recém chegada, da qual acaba se aproximando através de um workshop. Meghdoot tem momentos de verdadeira inspiração, como seu já citado início e as aulas com o professor de fotografia, mas estes acabam diluídos na ambição colossal do diretor e em sua busca por um épico. Apesar disso, Mahajan é um nome a se prestar muita atenção, seja por sua visão mitológica de mundo ou por sua inventividade formal.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Capitu e o Capítulo (2021)

Mangrove (2020)

Oscar 2022: Apostas para as Nomeações