Cannes 2022: nossos 15 filmes mais aguardados

The Official Poster of the 75th Festival de Cannes - Festival de Cannes
Arte oficial do 75º Festival de Cannes

    De volta às datas de costume na primavera europeia, o Festival de Cannes inicia as atividades de sua 75ª edição em poucos dias, recebendo autores renomados, profissionais da indústria, imprensa e cinéfilos de todo o mundo na famosa Croisette. A última seleção continha filmes que alcançaram enorme sucesso internacional, especialmente Drive My Car e A Pior Pessoa do Mundo, ambos indicados ao Oscar, além de obras-primas modernas (e meus favoritos do ano passado) que fogem completamente do mercado mainstream e das premiações dos Estados Unidos: Memoria e Annette.

    A seleção oficial deste ano trouxe alguns nomes já esperados, mas também algumas agradáveis surpresas, como um novo longa-metragem de Jerzy Skolimowski que quase ninguém na indústria sabia da existência. Em comparação com 2021, a atual Competição parece bem mais fraca em termos de diretores e suas filmografias prévias. Também é interessante notar que o diretor geral Thierry Fremont optou por deixar novos trabalhos de autores bem interessantes em outras mostras ou acabou cedendo-os para a Quinzena dos Realizadores.

    Em um ano em que nenhuma produção brasileira foi selecionada pelo festival ou pelas sessões paralelas, é de extrema importância ressaltar a falta de incentivos do Governo Federal através da Ancine, a qual foi jogada em péssimas mãos desde o início do mandato do atual presidente da República. No entanto, é uma grande alegria ver uma das obras-primas de Glauber Rocha, Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964), finalmente receber uma restauração digital em 4K, a qual será exibida pela primeira vez na mostra Cannes Classics.

    A lista a seguir contém os 15 títulos mais aguardados pela equipe do Cine Odisseia que serão lançados em Cannes nas próximas semanas. Primeiro, gostaria de citar algumas menções honrosas (em ordem alfabética) que acabaram não conseguindo um lugar na lista: Close, Moonage Daydream, The Natural History of Destruction, Tchaikovsky's Wife e Three Thousand Years of Longing.

15) Irma Vep

O diretor Olivier Assayas retorna a Cannes com o remake de seu incrível Irma Vep (1996), mas em forma de minissérie, a qual será lançada mundialmente pela HBO já no próximo mês. Dessa vez, é a atriz Alicia Vikander quem viaja para Paris com objetivo de trabalhar na produção de um filme e acaba vivendo um caos nos bastidores. É muito arriscado tentar refazer um trabalho reverenciado por tantas pessoas, ainda mais quando você também dirigiu o original. Difícil prever a recepção dos episódios no festival, mas é empolgante ver um autor revisitando sua própria obra, embora pareça haver mais fatores contra do que a favor.

14) Un beau matin

Após concorrer à Palma de Ouro pela primeira vez ano passado, a diretora Mia Hansen-Løve retorna com um novo trabalho, mas fora da Seleção Oficial agora. O posicionamento na Quinzena dos Realizadores foi uma surpresa, considerando o status alcançado pelo nome da autora nos últimos anos. Além disso, qualquer filme com Léa Seydoux merece atenção especial.

13) Don Juan

Embora eu não esteja familiarizado com a filmografia de Serge Bozon, é difícil ler a sinopse de Don Juan e não pensar que tem potencial para ser o filme mais caracteristicamente francês do ano. Um ator sedutor passa a ver a noiva que o deixou em todas as mulheres que cruzam seu caminho. Além disso, o ótimo Tahar Rahim e a fantástica Virgine Efira já são motivo suficiente para ficar atento a este filme.

12) Triangle of Sadness

Um dos vencedores prévios da Palma de Ouro que tentam novamente a chance na Competição em 2022 é o sueco Ruben Östlund. Com um elenco que inclui Woody Harrelson e Harris Dickinson, a visão ácida do diretor sobre estruturas sociais volta-se para uma cruzeiro cheio de figuras inusitadas, o qual é comandado por um capitão marxista. Sem entregar muito da história, é seguro dizer que o caos está mais do que garantido.

11) Broker

Retornando à Competição depois de triunfar em 2018 com Assunto de Família, Hirokazu Koreeda faz sua estreia em território coreano. O diretor japonês aventura-se mais uma vez fora de seu país, trabalhando com profissionais da Coreia do Sul. No elenco, Song Kang-ho já está virando figurinha carimbada do festival, após estrelar a Palma de Ouro de 2019, Parasita, e integrar o júri ano passado. Broker é mais um representação que o diretor realiza de uma família desajuntada: na história, as personagens estão ligadas às caixas de bebê, utilizadas para deixar recém-nascidos para que sejam criadas por outras pessoas.

10) Men

Mais um título na fantástica seleção da Quinzena dos Realizadores é o novo longa-metragem de Alex Garland, responsável pelos nada convencionais Ex_Machina (2014) e Aniquilação (2018). No interior do Reino Unido, uma mulher que acabou de perder o marido precisa encarar medos e fantasmas do passado. Os críticos americanos que já assistiram à obra dividiram opiniões, mas tudo indica que o estilo peculiar de Garland está de volta com toda força.

9) Hi-Han

O lendário diretor polonês Jerzy Skolimowski volta ao Festival de Cannes após décadas. A própria existência de Hi-Han era um mistério para a maior parte da imprensa até o anúncio da Seleção Oficial há algumas semanas. Aparentemente, trata-se de uma releitura de A Grande Testemunha (1966), clássico de Robert Bresson. Mais um burro irá percorrer a Europa, desta vez no século XXI, e irá mostrar um reflexo da humanidade em sua excruciante jornada.

8) Tourment sur les îles

Embora diretores espanhóis não sejam comuns na Competição de Cannes (com exceção de Almodóvar), Albert Serra conseguiu atingir tal feito este ano com Tourment sur les îles. Um escritor de sucesso retorna à Polinésia Francesa e encara uma crise criativa, fazendo-o aceitar um trabalho de duração. Por essa sinopse, o filme parece ser centrada numa discussão metalinguística bastante interessante, ainda mais nas mãos de um diretor com estilo tão particular quanto Serra.

7) Decision to Leave

Um dos nomes mais respeitados do Novo Cinema Sul-Coreano, Park Chan-wook não é nenhuma novidade no festival francês, já tendo vencido o Grand Prix com Oldboy (2003) e o Prêmio do Júri com Sede de Sangue (2009). Neste novo trabalho, um detetive investiga um caso de assassinato nas montanhas, onde a principal suspeita é a esposa da vítima, pela qual o protagonista acaba se apaixonando. Prato cheio para o mestre contemporâneo dos thrillers cheios de reviravoltas.

6) Armageddon Time

James Gray detém o recorde de cineasta que mais competiu pela Palma de Ouro e nunca ganhou nenhum prêmio concedido pelo júri oficial. Mesmo sendo amado pela crítica francesa, o público que comparece às estreias de seus filmes em Cannes não costumam ter uma resposta positiva, sendo comum vaias ao final. Apesar disso, ele é um dos grandes autores americanos atualmente e não recebe nem metade do amor que merecia. Com Armageddon Time, ele revisita sua própria infância crescendo no Brooklyn e conta com um elenco de peso: Jeremy Strong, Anne Hathaway, Anthony Hopkins e o jovem Michael Banks Repeta, o qual interpreta Gray.

5) Showing Up

First Cow liderou a lista da Cahiers du Cinéma de melhores filmes lançados na França no ano passado, o que mostra que o amor pela obra de Kelly Reichardt atravessou o oceano e chegou em uma das revistas mais importantes da história da Sétima Arte. Então, não será nenhuma surpresa se a crítica francesa distribuir elogios a Showing Up, que marca o retorno da prolífica colaboração da diretora com Michelle Williams, a qual interpreta uma artista que encontra inspiração no caos de sua vida cotidiana enquanto se prepara para uma exposição muito importante.

4) Chronique d'une liaison passagère

As Coisas que Dizemos, as Coisas que Fazemos entrou no meu Top 10 pessoal de 2021, então não é nenhuma surpresa que o novo filme do francês Emmanuel Mouret esteja bem colocado nesta lista. O autor examina mais uma vez relacionamentos amorosos: desta vez, uma mãe solteira e um homem casado se envolvem e somos convidados a acompanhar um série de encontros entre eles.

3) Stars at Noon

Este parece ser o ano da Claire Denis nos festivais europeus. Em fevereiro, ela venceu o prêmio de direção na Competição da Berlinale com Avec Amour et Acharnement. Agora, retorna a concorrer pela Palma de Ouro pela primeira vez desde sua estreia em longas-metragens, com Chocolat (1988). Depois de Robert Pattinson abandonar o projeto por problemas de agenda, Stars at Noon finalmente ganha vida após anos em produção. A história gira em torno de um homem de negócios inglês e uma jornalista americana durante o conturbado ano político de 1984 na Nicarágua.

2) Crimes of the Future

Vencedor do Prêmio do Júri por Crash (1996), David Cronenberg é um queridinho do festival francês e não poderia haver lugar melhor para receber seu retorno à direção após um hiato de oito anos. Entrevistas recentes e depoimentos de algumas pessoas que já assistiram a Crimes of the Future afirmam que este é o retorno definitivo do autor ao terror corporal, subgênero que marcou grande parte de sua filmografia. Se isto e o talentoso elenco (Viggo Mortensen, Léa Seydoux e Kristen Stewart) já não são suficientes para chamar atenção de todos, a Cahiers du Cinéma descreve o filme como "um retrato hilário do cinéfilo".

1) Fogo-fátuo

O português João Pedro Rodrigues dirigiu uma das maiores obras-primas dos últimos 25 anos, O Fantasma (2000), então qualquer novo trabalho desse gênio radical é merecedor de minha total atenção. Primeiro longa dele após o ótimo O Ornitólogo (2016), Fogo-fátuo está na seleção da Quinzena dos Realizadores. O que se sabe até o momento é que o protagonista, um rei sem coroa à beira da morte, relembra sua juventude, quando um instrutor do corpo de bombeiros mudou sua vida. E, para completar, o filme aparentemente é um musical.

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